27 de set. de 2010

De novo.

Todo processo é processo quando previsível, nos deparamos então com agoniantes novidades. Nos fazem regurgitar memórias e sentimentos e, quando nos damos por si, estamos nadando naturalmente em um novo fluxo de viver. A adaptação é uma das ações da roda do destino e todos passamos por tais provações. Alguns se vêem obrigados a tomar sérias atitudes, outros entram no desespero e no abandono, muitos desistem ou evitam e poucos gravam na carne as cicatrizes de seus encontros e lutas.

Todos evitamos o confronto com nossas premonições, com nossas visões, nosso querer e nosso saber. Todos evitamos desvio de percurso e trilhas desconhecidas. Todos evitamos, alguns enfrentam e outros não. É comum temer o que não se conhece e por mais clichê isso é fato, não é nada anormal: Prefere-se o seguro do conhecido pela maior probabilidade de sobrevivência (seja ela física, mental ou social).

Então vem o exagero: Põe-se de joelhos na escuridão recitando cada frase da sua música favorita, lembrando cada raio de sol de um verão vivo, suspirando alegrias que já a muito se foram e bebendo o próprio descaso. Então vem o exagero: Põe-se de pé diante do fogo que lhe cerca blasfemando contra cada inimigo, afirmando que nenhuma gota de chuva pode lhe derrubar, cuspindo xingamentos e maldições e mordendo a todos.

O novo é uma arma. O sempre é uma arma. Todas à seu modo. Alguns lutam melhor com o tédio, já outros vivem para aprender o novo de novo. 

E quando tudo é um só e um só se torna seu tudo? E quando sua maior arma é seu maior veneno? 
Se lhe fere a alma isso lhe perturba? Se, por algum infortúnio, ela te transformar em uma alma sem cor?
Morderás seus opositores como promessa a si de conforto?

Essa é o gume de sua lâmina! Oh, o Novo! Permita lhe servir como vós me serve? Como recompensa lhe empunharei, prometo! Mas lhe peço, adorado Novo: Não leves eu mesmo de mim. Meu estado e meu agora, meu sempre e meu talvez. 

De suor sagrado todos escrevem em seu livro santo. De sangue alguns lhe pagam tributo. Eles lhe rogam para que tire de suas vidas o mundanismo que corroe nossos sonhos! Apesar de não ouvir a todos, eles lhe rogam. Todos lhe rogam, sem trair o sempre e os sonhos eternos. O desespero deles lhe pertence, mas infelizmente lhe confesso: Estou em segurança e lhe sorrio de modo sombrio e prazeroso - estou sobre ti, acima do acaso, degustando o ciclo. 

O que vem depois?

Que tal viver o agora?!

Não se adiante no desespero, deixe seus sonhos acompanharem-te lado-a-lado. Ande devagar e com passos firmes, aproveite o sol e a sombra, deleite-se com a água fresca e depois retorne para sua guerra: Todos nós enfrentamos o novo e todos nós vencemos em cada respirar, em cada sentir. 

Continue lutando,
Continue sonhando,
Continue vivendo,
Sem olhas para trás...

Continue voando,
rogue por quem lhe quer bem
e pelos que te odeiam...
Acima.

Nas suspeitas se encontram as fraquezas,
Nos medos residem sua desgraça,
Não blasfeme contra si-
Viva e deguste a sua própria bílis. 

Não perca tempo rezando se cospes no ídolo,
Corra e morra,
Pule degraus-
Invista em si.

No fim... Lá vem o novo - de novo.


Nenhum comentário: