1 de abr. de 2011

.Raindrops on fire

De cinza pintou-se o véu,
Abraçando o branco, o claro, o dia. 
Pétalas esquecidas às margens da vida...
E gotas de chuva sobre o fogo.

Os olhos procuram a razão das cores,
As gotas de chuva lavam as confissões;
Toda a vida na corrente desaguando em remotos esquecidos...
E gotas de chuva sobre o fogo.

Eu poderia ler um livro aqui,
Eu poderia cantar aqui,
Eu poderia viver aqui,
Eu poderia morrer aqui...
Nas gotas de chuva sobre o fogo.

Os sentimentos não são justos em dias de chuva,
Mesmo que ore, mesmo que sonhe, mesmo que mude...
As gotas de chuva caem sobre o fogo.

Flores escuras em corações aveludados,
Lágrimas em encontros e sorrisos em despedidas...
E as gotas de chuva sobre o fogo.

Sinto que em algum lugar alguém reza por minhas confissões,
Sinto que em algum lugar alguém reza por minhas derrotas,
Sinto que em algum lugar alguém reza por minhas vitórias,

Vozes cantam dúvidas,
Asas presas ao vazio,
Brisa acaricia o rosto,
Brumas do alívio,
Se desfazem em violenta discórdia.
Se recusam à viver,
Se libertam no esquecer.
As gotas de chuva sobre o fogo.

Minguante sorriso,
Delicado Olhar,
Abrigo e
Gotas de chuva sobre o fogo.

Palavras em névoas,
Continuidade delirante,
Passeio e acaso
Deparam-se com força e luta.

Amarelo, desabrocha,
Minutos, alguns minutos,
Frio e alegria...
E gotas de chuva sobre o fogo.

Verde, verde profundo,
Roga por confissões,
Gotas de chuva, elevam o peso da culpa;
Gotas de chuva, coro silencioso da vida.

Eu poderia repetir,
Eu poderia ver novamente,
Nostalgia contra o novo,
Ambiguidade e silêncio.

Cinza pintado sobre nós,
Luz que rompe o comun.
Frio, silêncio...

E as gotas de chuvam que nos abraçam.