29 de nov. de 2010

Monólogo na geladeira

Não pode ser assim tão ruim...
Veja! Há morangos na geladeira!

Tudo bem nos depararmos com grandes frustrações, desamparos e arrependimentos. Tudo bem não darmos sorte, esquecermos datas ou perder dinheiro. Tudo bem que nossos heróis têm mais o que fazer, estão ausentes e não temos vontade de levantar da cama. Tudo bem que você esteja doente, endividado ou triste. Tudo bem existirem pessoas em piores condições que você, em melhores condições que você ou tão mal/bem quanto. Tudo bem você odiar alguém, amar alguém, esquecer alguém ou lembrar de alguém. Tudo bem você querer salvar o mundo, mesmo que não ganhe nada com isso não.

Não pode ser assim tão ruim...

Catástrofes vêm ao som do tic-e-tac, compassos marcados severamente, prelúdio de um novo tempo, interlúdio das desgraças e prefácio da condenação. Você pode apertar o cinto e aproveitar a viagem, as freadas bruscas podem ser divertidas. Você pode gritar e reclamar, os ecos podem se tornar seus amigos. Apenas não deixe de olhar na geladeira. Pense.

Não pode ser assim tão ruim...

Tudo bem você ter inimigos, rivais ou vilões. Tudo bem você não querer sair, querer ouvir música e não querer brincar com seu cachorro. Tudo bem o dia estar muito quente, estar nublado ou ventando. Tudo bem ser final do ano, inferno astral ou feriado nacional. Tudo bem ter que acordar cedo, dormir tarde e ter insônia de vez em quando. Tudo bem você querer destruir alguém, mesmo que não ganhe nada com isso não.

Não pode ser assim tão ruim...

A luta é travada em cotidiano e não em grandes ações humanitárias. Você pode devorar os ossos dos inimigos caídos - eles fariam pior. A perfeição é um esforço sem fim na roda cíclica da evolução, tente não se perder e encontrar o que procura. Por mais que esteja cansado e perplexo, surpreenda-se! Vista-se de surpresa e vá bater na porta de um vizinho desconhecido. 

Há  morangos na geladeira!

Mesmo que a dor lhe preencha, a raiva o sufoque, os sentimentos não se anulam. Sorrisos ainda travam guerras secretas pelas ruas e lágrimas correm discretas em corredores esquecidos. Pessoas enterram esperanças esperando que elas se valorizem com o tempo.
Mundo louco, mundo estranho, mundo teu, mundo violento, mundo desastroso, mundo nosso... Meu mundo é ótimo; há morangos na geladeira.
Todas as linhas são sensíveis e tênues, todas as vendas podem aliviar ou cegar, todo conhecimento pode enfurecer ou enlouquecer... Deve-se entender a diferença.

O mundo é comparativo e relativismo foi feito para a física. Se tudo está certo então do que estão falando? Tirania pode ser justiça deconhecida e democracia é uma grande mentira calando uma pequena verdade. Ordens invertidas em um mundo onde a boa vontade foi trocada pela auto-afirmação, o desejo pela cobiça e o esforço pela prestação de serviços. Afinal... Para toda culpa há um ditado popular para usar de consolo, não? Para todo erro existe uma música que lhe encobre, não? Ah, pobre mundo... Entre fogos de artifício, liquidações e falta de auto-estima... Onde foram parar seus valores? 

Acabou o leite...

Entre pesquisas do IBOPE, assinatura de revistas e raspadinhas... Onde foram parar seus valores? Entre árvores cortadas, animais abandonados e pessoas travestidas do que não são... Onde foram parar seus valores? Entre falsas modéstias, sinismos e sarcasmos... Onde foram parar seus valores? Em bolsas caras, jóias falsas e carros do ano... Quem queria ser astronauta hoje é banqueiro, quem queria ser artista hoje é secretária, quem queria ser piloto hoje é empresário... Isso não se chama crescer, se chama falta de coragem.

Melhor fechar a porta...

25 de nov. de 2010

The Graveyard Book


Browse Inside this book
Get this for your site
Pessoal, essa é a minha tentativa de trazer mais cultura para esse espaço.
Em breve: minha modesta crítica sobre o livro.
Quem quiser ler é só clicar na imagem e será redirecionado para a página onde o faz sem ter que clicar em links de propagandas ou esperar determinado tempo. Fica a dica e eu quero o meu!

23 de nov. de 2010

!Sobre old school e falsos moralistas

Não pude deixar de reparar nessa onda crescente de reutilizar símbolos e ícones do passado com novo propósito. Essas modinhas atuais - dentre elas a que mais modifica nostalgia, a moda emo - simplesmente pegam coisas que já foram usadas em determinadas épocas e fazem delas um novo símbolo. Alguns vloggers famosos já se pronunciaram acerca disso e falaram sobre como certas bandas se auto denominam "rock" ou de como elas usam apetrechos e cores que simplesmente não condizem com a "arte" que elas apresentam.
Estive passeando este final de semana, mais especificamente no sábado, pelo Shopping Center de minha cidade e fiquei perplexo com a capacidade do  ridículo - sem falar a falta de personalidade. 

Eu?! Old School?!

Me senti, assim como o meu amigo Anão que estava andando por lá comigo, um cara "do mau". Sendo que simplesmente sou sócio do clube do "de preto", nem exagero tanto nos apetrechos e outras quinquilharias - diferente de muitas pessoas que eu conheço que andam por ae travestidos de alguma espécie de ícone do rock misturado com alguma lenda antiga de uma civilização perdida - aposto que todos que vivem em Nh tiveram o mesmo nome passando pela mente (Hahaha! Sacaniei!). 
Parei um tempo para pensar se eu não estava sendo um tiozão, um dinossauro, ou qualquer outra coisa deslocada de seu tempo-espaço. Pensei muito, e até tentei a velha fórmula de comparar a "minha geração" com a "atual". Nada deu certo.  O fato é que 90% da população do Shopping Center era associado à moda emo (ok ok, chatos de plantão, mesmo que ela não seja considerada um movimento cultural ou de moda ela assim foi denominada por seus "usuários"), sendo que a piada mais comum da internet, do boteco, do posto, da faculdade, seja associação dessa juventude emo com a falta de personalidade e o muito tempo livre pela falta de hobbies ou perspectivas. Então... Se a maioria faz piada... Mas a maioria é a piada... Isso não me parece muito lógico.
Muito disso é culpa da falta de informação, ela sempre distorce significados e símbolos. Vi pais com crianças muito novas para conseguirem se vestir usando o mesmo tipo de vestimenta que os adolescentes - retardados - que perambulavam por lá.
Só achei divertido a falta de atitute - sendo que isso é o extremo oposto do que as propagandas e os rótulos de energéticos atuais dizem - que essa geração possui. Ao ver um emo travestido com uma camiseta com os escritos "I love rock" eu chamei a atenção de meu amigo e, quando ele também tinha visto, eu disse "Puto! Baita Puto!". O indivíduo - emo da cabeça aos pés, principalmente pelo cabelo - ouviu em alto e bom som e simplesmente baixou a cabeça praticamente encostando o queixo no peito. Quem me conhece sabe que não aparento ser intimidador e muito menos violento e pensei, por um momento, que um simples "Qual é a tua?" seria o normal... Apenas rimos, sendo que houveram outras situações muito engraçadas na mesma data. Gostaria de saber o quão "fundo" a mídia consegue ir nesses cabeças-ocas de hoje em dia. Por mais que alguém já tenha dito isso anteriormente... Ter como objetivo de vida  as redes sociais - para viver uma vida "Malhação" - e comprar um Playstation 3 não me parece muito sadio. Eu leio livros, muitos e não fui incentivado pelos meus pais a fazê-lo... Faço por que gosto e por opção própria. Falta singularidade nos dias de hoje, falta personalidade e caráter... Sim, caráter falta muito!

Então vêm os falsos moralistas... Ah! Sim! São um grupo de pessoas que colocam frases cult no msn, facebook ou twittam algo sarcástico e acham que com isso fazem o suficiente pelo bem da humanidade. Acham que só por dar quote em alguma frase de Nietzsche são inteligentes o suficientes para não estudar mais ou para simplesmente se acharem "não comuns". Acham que pelo fato de separar o lixo orgânico do seco estão salvando o planeta. Elas acham que tocar o papel no lixo e não no chão é uma atitude nobre. São pessoas que fazem o mínimo e acham que são super-heróis.
O bixo humano é muito conveniente em suas escolhas e teorias, ele joga tudo pro relativismo e usa de erros conceituais - aqueles clássicos trocadilhos de linguagem como "Me perdendo posso me achar" ou simplesmente usando algum trecho de um contexto maior cujo significado é distorcido pela falta do todo (como um pedaço de uma música ou alguns versos de um poema) - como arma de argumentação e auto-afirmação. Essas pessoas usam isso para escapar de uma conversa longa onde, provavelmente, elas seriam encurraladas e se encontrariam com falta de argumentos tendo que apelar para o famoso e baixo "ninguém me entende" ou "eu sou assim, o que posso fazer?". Eu acho engraçado como esse tipo de gente tem a capacidade de ficar em cima do muro; elas não querem ajudar o Greenpeace mas colam adesivos em seus cadernos e pastas, elas tem preguiça de rasgar o papel ao invés de amassá-lo mas são a favor da reciclagem. 
Sem falar nos grupos de proteção à animais e outras muitas ong's que simplesmente usam isso para se promoverem socialmente. Uma espécie de clube da Luluzinha onde só se entra com convite, então acabam todos por criar seu próprio grupo de luta para salvar o mundo, cada um lutando contra o outro.
Me lembro que, antigamente - não sei ele ainda o faz - um aposentado, toda noite, circulava por determinadas ruas da minha cidade distribuindo ração para cães de rua. Isso é um trabalho e um esforço digno.  Ele está fazendo a parte dele como ele pode, sem vender camisetas ou criar comunidades no orkut.

Eu acho o fim. Simplesmente pelo fato que muitas dessas pessoas ajudam os animais por acharem que estes as pertencem. MEU ANIMAL DE ESTIMAÇÂO. É uma espécie de necessidade por experimentação e não uma vontade por livre arbítrio. E depois falam em liberdade.

Como eu disse: conveniente. Eu percebi também que essas pessoas lutam contra certas causas - essa dos animais e outras como preconceito ou racismo - simplesmente por interesse próprio. Se tu usar o mesmo conceito, só que trocando os objetos da experimentação de pessoas por outras coisas quaisquer, esses tais moralistas vão simplesmente dizer que não é a mesma coisa; logo o que se defende não é a ideia, o valor, a lei, a ética e sim o próprio rabo.


12 de nov. de 2010

fIM




Toda sua carne irá perecer e ficará sua alma atormentada junto ao que foi sua consciência! Quebrarei seus ossos para que não possa fugir e muito menos procurar auxílio! Quebrarei suas mãos para que - quando em desespero - não consiga fazer gestos em blasfêmia! Quebrarei suas pernas pelo simples prazer de vê-lo sangrar e se debater.
Terá de provar do amargo e do doce, ambos! Terá de provar do destino e do infortúnio, ambos! Terá de provar da ordem e da desgraça, ambos! Degustará o gozo ferroso da morte em sua garganta e desejará o fim! Mesmo que belas, minhas penas negras não lhe confortarão. Mesmo que supliques minhas lâminas não lhe darão o beijo frio do alívio!
Dialogará com a dor! Trocarão longas conversas e breves xingamentos! Ela será sua maior inimiga e sua unica amiga! Desistirá antes que o fim tenha lhe alcançado, pedirá clemência divina e irá repetir palavras senis! Teu manto irá perder seu valor e suas peles ruborizarão-se ao ver seu estado! Prevalecerá a dor! Prevalecerá o ódio! Prevalecerá o medo! Prevalecerá o descaso! Seus dedos contorcidos apontarão para a esperança e ela irá rir de seu rosto distorcido! Aprenda! Aprenda! Seus destino é rascunhado à carvão em papiros novos! A chuva lhe trará o frio... E o frio lhe trará o fim.

Destino
Nem seu
Nem justo
Nem meu



>> Feevale 2011... Me aguardem...

7 de nov. de 2010

/format U:

Eu estava escrevendo um texto imenso, realmente grande, contando coisas da semana e, principalmente, sobre esse final de semana. Escrevi por cerca de uma hora. Então apaguei tudo.

Eu estava escrevendo um livro imenso, realmente grande, contando coisas dos sonhos e, principalmente, sobre mundos onde existe justiça. Escrevi por cerca de meses. Então apaguei tudo.

Eu estava escrevendo um conto imenso, realmente grande, contando coisas casuais e, principalmente, sobre a monotonia do cotidiano. Escrevi por cerca de dias. Então apaguei tudo.

Eu estava escrevendo uma música, realmente grande, contando sentimentos banais e, principalmente, sobre a vida e as dores. Escrevi por cerca de minutos. Então apaguei tudo.

Eu estava escrevendo uma carta, realmente grande, contando saudades e sonhos e, principalmente, sobre perguntas e dúvidas. Escrevi por cerca de horas. Então apaguei tudo.

Eu estava desenhando respostas, realmente detalhadas, mostrando traços e cores e, principalmente, sobre o que vejo e percebo. Desenhei por semanas. Então apaguei tudo.

O que se apaga sente? O que se sente quando se apaga?
O que se vai sente? O que se sente quando se vai?
O que se foi sente? O que se sente quando se foi?
O que se apaga sente? O que se sente quando se apaga?
O que se exclui sente? O que se sente quando se exclui?
O que se formata sente? O que se sente quando se formata?

Eu desenhei muito essa semana, realmente muito, coisas aleatórias desprovidas de forma e, principalmente, sabores e linhas. Desenhei muito. Então guardei tudo.

Eu cantei muito esses dias, realmente muito, músicas recém descobertas e, principalmente, antigas que habitam a mente. Cantei muito. Então me calei.

Eu escrevi muito esse mês, realmente muito, livro, textos, contos e, principalmente, alívios e frustrações. Escrevi muito. Então salvei.

Eu corri muito essas semanas, realmente muito, por praças, ruas e, principalmente, dos pensamentos e esquecimentos. Corri muito. Então descansei.

Cotidiano cansa, descansa. Cotidiano irrita, desabafa. Cotidiano desgasta, inova.

Este não é o texto original. Eu apaguei o texto original, mas tenho ele nítido em minha memória... Postarei ele em breve, talvez.

3 de nov. de 2010

4:24



Fui lúcido em meio prantos. Fui capaz de ver além em meio nós - de fios. Fiz sinfonia pintada no silêncio. Graças e glórias soprando brisas sinceras, desgraças e súplicas cantarolando velhas melodias. Prismas de luz girando repetidas vezes e nós presos em espirais bailarinas do que outrora fora concreto e agora jaz esperança. Pétalas aveludadas desprendem de sorrisos claros, tudo continua a fluir e a seguir seu automático. A sinceridade me impede de omitir e a nostalgia me pede elogios onde todas as formas ainda estão, em meio folhas e fortes galhos ao soar do vento, todos os caminhos e sonhos persistem, eles nunca morrem ou deixam de acreditar em si - mesmos. Tudo que mais belo fulgia agora brilha de mesma forma porém em outros aspectos e tudo continua a cantarolar aquela velha canção desprendida de compromisso.

Todos andamos à passos largos para o inevitável querer do não-poder conter-se no proibir a si de desejar possuir e ser. As gotas do orvalho desprendem qualquer entusiasmo ao lhe ver, o sol brilha mas não apenas para vós, sabes que as sombras lhe abrigam e não por que querem, dizem que vós já fostes luz e sombra e agora em tons cinzas se desfaz. O laço que ganhastes, escuro como uma noite cheia de nuvens, agora reside sombrio e em abandono ao lado do que foi sua caixa de memórias. Alguns troféus não são suficientes para conter-te, se desprende e foges, corre como quem alcança o vento, como quem evita o toque do chão e o peso dos pensamentos, corre como quem procura o que está além do horizonte sem fim, corre como se todo domo azul sob sua cabeça está a lhe caçoar, corre como se os ponteiros fossem parar e todo o mais não importa. Todo o mais se torna ritmo e melodia, todos os sons estão em conjuntos e seus pés se desfazem de peso e volume. Agora está agraciada com o livre pensamento e com olhos de diamantes que varrem o mundo de forma única, capazes de descrever de mil maneiras mil formas.

Mesmo quando retornas, o brilho persiste. Encontra abrigo apenas por hoje, e nas próximas horas irá trabalhar no amanhã... E no ontem.



Livre expressão, escrevi durante o tempo do vídeo.